sábado, 24 de abril de 2010

as testemunhas de jeová e a idade da fralda

hoje A. ía a sair do supermercado do bairro
saia azul escura casaco castanho
incomodou-se porque não lhe deram a passagem quando saía com os sacos em ambas as mãos

entrei na área do supermercado
lá fora passavam
já as conheço três mulheres ainda jovens mas o peso a mais fá-las mais velhas
eram nove da manhã

a minha mãe hoje a dizer-me que depois de ter ficado doente tinha deixado de ser testemunha de jeová
iupi
tenho que celebrar
finalmente tenho uma mãe saudável
doente e saudável
é bom saber que o equilíbrio é aquilo que sem dúvida fez sentido
passei a gostar de outra forma da minha mãe
a vida transporta surpresas

de regresso das compras
a casa
um conjunto de três homens testemunhas de jeová
com um negro já tinha falado anteriormente
que tinha sido testemunha de jeová
depois um mais novo que talvez me tivesse reconhecido dos meus tempos passados não falou
como a passagem era estreita
o terceiro logo a solicitar uma palavrinha
boas novas
palavras leva-as o vento
porque não vão ajudar as pessoas carenciadas em África
porque estamos aqui
estamos todos fartos de palavras vazias
os hospitais estão com pessoas que precisam de carinho
também há os que fazem isso

depois o mais novo ia chegar-se e talvez dizer deixa-a ela já sabe foi testemunha de jeová
cortei a conversa e avancei no meu caminho

pena é um sentimento terrível
ter pena de alguém
é das piores coisas que existem
mas
não vou dizer
estas pessoas são enganadas pela repetição
e continuava a insistir
coitado é outra coisa terrível
mas esta gente é insuportável
uma vida desbaratada
desperdiçada


conheço também aqueles que apesar de terem abandonado as testemunhas de jeová nunca se separam delas
nota-se pela sua linguagem
eu não gosto de pessoas faz-de-conta
aquelas que querem ainda estar com um pé dentro outro fora
não afirmam que estão fora
são para mim pessoas sem forma
têm medo do pai e da mãe
e não suportam serem  isto ou aquilo assumidos
machistas muitos deles
homens e mulheres
aposto que farão as mulheres/homens com quem casarem infelizes
impositivos
impositivas
do género vê lá se dizes alguma coisa
querem ser importantes
exigem contacto
como uma criança na idade da fralda
inférteis
não tem nada para dar
é fugir deles também
é fugir delas também

ainda
e o A. aquele ancião da minha comissão judicativa que esteve preso e que queria ser advogado barriga grande já o vi algumas vezes a caminhar para a cervejaria anunciada nos mupis de uma avenida principal da capital
nunca o vi ao testemunho

e o outro ancião o L. que era vendedor de carros e agora é vendedor de casas da maior empresa de vendas de casas em Portugal

e, ainda, o outro ancião da comissão judicativa o J. G. também vendia casas na linha de Sintra numa imobiliária

haverá alguma semelhança entre o vender qualquer coisa e o fazer promessas de coisas que aparentemente são uma coisa mas na realidade são outra...?


já não sei quando
a congregação em que eu fui baptizada e publicadora extingiu-se

agora os antigos pertencem a outra congregação

o rebanho é acéfalo

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